30 dezembro 2013

2014!

Para 2014 tenho um único e grande desejo... mas 12 desafios que, nos próximos 12 meses, irei partilhar aqui quando conseguidos.

Porque
em 2014 vou:

quebrar um mau hábito

aprender uma nova habilidade

assemelhar-me mais a alguém que admiro

visitar um novo lugar

ler um livro há muito prometido

escrever uma carta há muito adiada

provar uma nova comida

ser melhor em qualquer coisa importante

acabar algo há muito começado

realizar um objetivo definido

destralhar

superar-me



Sintam-se desafiados comigo.

23 dezembro 2013

20 coisas que eu quero que o meu filho
saiba até ao Natal até ao final do ano sempre

#19

É muito mais fácil ser infeliz.
A infelicidade não faz sombra aos outros, não lhes faz cócegas nos pés ou nas ideias que têm dentro da cabeça, por poucas ou fracas que sejam, dominadas pela inveja ou pelo desânimo. É bem melhor lamentarmo-nos do que regozijarmo-nos.
É bem mais simples chamar alguém para repartir desilusões e mágoas do que para festejar. É bem mais natural que outros dividam tristezas connosco, se aproximem quando nem tudo corre bem, do que estarem sinceramente ao nosso lado no melhor que nos acontece. Apesar das aparências.

As pessoas chegam-se mais quando estamos imbuídos de infelicidade porque não a levam consigo, porque as ajuda até a darem valor à sua própria vida, ao bem que têm ou que negligenciam. A felicidade dos outros torna-os rancorosos ou nervosos, invejosos ou temerosos: “será que algum dia eu também serei feliz assim?”...
Enquanto a infelicidade não é contagiosa, não passa de mão em mão, entristecendo realmente olhares por onde passa; a felicidade é tudo isso e muito mais. Torna vidas pequeninas em vidas minúsculas, torna remorsos e dores alheias em rastilhos de sofrimento.

Falam muito mais de nós quando inclui “coitadinha” do que quando a frase tem “que bom!”. Até parece que a primeira expressão soa sempre mais sincera do que a segunda, que leva um nervoso miudinho de pequeninas raivas ou grandes invejas.
Sempre recusei a expressão de "os amigos são para as ocasiões". Por acaso sempre achei que a amizade não era coisa exclusiva de momentos maus ou de dificuldades. Sempre a senti transversal à própria vida. Com o tempo, com a idade, com as coisas dos momentos, comecei a ver a frase de outra perspetiva. Acho que há “amigos” que, estranhamente, são mais para as más ocasiões e que se eclipsam nas boas.

Então, o segredo, a difícil missão, o grande desafio, está em saber quem fica de um lado e quem colocamos no outro, quem conta para rir e para, depois, nos encostar no ombro e apertar o corpo. Distinguir bem quem sabe ser tão inteiro e tão verdade quando nos encontra a sofrer, para depois ser exatamente igual quando nos vê bem... tão bem.
Tenho a grande felicidade de conhecer bem as pessoas que tenho, como minhas, as que contam, as que já choraram comigo... chorando mesmo que não lhes tenha visto as lágrimas. São, precisamente as mesmas que, nos dias de hoje, enchem as palavras e os olhos para serem felizes comigo, para engrandecerem o bem que me sinto, para também elas ficarem bem pelo bem que tenho, para elas comigo, a meu lado, serem inteiramente, verdadeiramente, elas próprias. E sermos amigos nas ocasiões. Sejam elas quais forem.

Então, este Natal...



*Rodeia-te daqueles que te ajudam a ser quem és.

20 dezembro 2013

Saber de mim?

Há 20 dias já tinha as prendas de Natal compradas.



Há 12 dias fui ao teatro.



Há 8 dias comecei uma nova série.



Há 2 dias acabei este livro.



E hoje ouvi esta música.


15 dezembro 2013

Fichas de Leitura

Quase-quase a fechar leituras de 2013, aqui fica o registo cronológico, para recordar, referenciar e recomendar.












Autor – Lídia Jorge
Ano de edição - 2011 
Leitura em – Março/Maio 2013 







Lídia Jorge é uma das minhas referências de leitura há dezenas de anos. Leio todos os livros, guardo um ou outro, mais antigo, para ler... sempre em breve. O ritmo de escrita, feito de um coro de vozes que nos acompanham, junto ao ouvido, é uma das marcas com nome próprio. Este livro, mais uma vez, deixa comigo personagens que parecem minhas, de gente que vive ao meu lado.

"Mas nada iria passar-se como eu imaginava. Ao lado da expectativa, a realidade criava o seu próprio programa, há muito que eu sabia que assim era. Também sabia que a parte que nos decepciona pode ser recompensada pela parte que nos surpreende."













Autor – Cândida Pinto
Ano de edição - 2011 
Leitura em – Junho 2013 







A figura de Snu há vários anos que me fascina. Li este livro em poucos fôlegos, fascinada por uma mulher forte e determinada, que se deixou vencer por um grande amor. Este é um daqueles livros que, enquanto se lê, se tem de partilhar com quem temos ao lado, relatando factos e trocando passagens, mostrando fotos e tirando dúvidas. Emocionou-me e espicaçou-me, ao falar também de um mundo que é muito o meu: a edição e os livros.

"E a cada esguicho de lama que saltava do charco agitado pela pedrada de um amor inconsentido, Francisco respondia: Tudo com ela. Nada sem ela. E foi assim até à morte. Morreram ambos na flor da paixão, enlaçados num abraço de chamas." (Palavras de Natália Correia)













Autor – Miguel Sousa Tavares
Ano de edição - 2013
Leitura em – Julho 2013 







Não resisto a um novo livro de Miguel Sousa Tavares e daí ter lido este logo que surgiu nas livrarias. Começa bem... muito bem. Cheio de emoção e de algum mistério. Tem a escrita fluente do autor, lê-se com vício e curiosidade.

"Essa foi a primeira lição que aprendi: o pecado depende do sujeito, não do predicado."















Autor – Ana Zanatti
Ano de edição - 2013
Leitura em – Julho 2013 






Foi a minha estreia com Ana Zanatti. E não será o primeiro e último livro a ler! Confissões de gente com histórias e memórias, com dramas e marcas, com questões e soluções. Uma conversa a várias vozes. Onde também há espaço para a nossa.

"De tanto silêncio, acabámos por dizer tudo. O silêncio é a melhor forma de dizer tudo sem gastar palavras."
















Autor – Nuno Camarneiro
Ano de edição - 2013
Leitura em – Agosto 2013 





 Sempre complicado afirmar tal coisa, mas... arrisco dizer que foi o melhor livro que li em 2013. Primeira vez de Nuno Camarneiro nas minhas leituras e uma história feita das histórias de todos os habitantes de um prédio. O prédio que pode ser de qualquer um, em qualquer ponto do país, em qualquer ano que começa ou que acaba. Gostei mesmo muito. Mesmo.

"Somos todos uns sentimentais e por isso demoramos no que nos dói. Temos choro fácil que dá ou não dá em lágrimas, guardamos as dores cheias de pormenor enquanto as felicidades ficam por ali, confusas, com algumas caras, alguns sons, incertas e vagas. Lembramos os sapatos que calçávamos quando alguém morreu, a hora da notícia, o programa que passava nesse instante e até as vergonhas que pensámos. Folheemos as páginas do riso e pouco encontraremos, algumas frases, momentos caricatos, elementos de uma paisagem. Pouco e mal contado, estávamos distraídos, demasiado ocupados na felicidade para lhe fazermos o retrato. Somos tolos e sentimentais, temos arcas cheias de mágoas que não esquecemos e que abrimos a todo o momento para ver se ainda nos doem, e doem sempre. Descuramos o arquivo do bem que apesar de tudo nos vai acontecendo, somos tolos de lágrimas."















Autor – Kitty Fitzgerald
Ano de edição - 2008
Leitura em – Agosto/Setembro 2013 






Este livro faz parte das minhas "wishlists" há muito tempo e, uma promoção de 2 ou 3 euros, fê-lo voltar comigo para casa e passar para o cimo da pilha de livros para ler. A história, profundamente dramática e negra, toca em feridas profundas de uma sociedade que marginaliza e rotula, quase sem regras.

"Explico-lhe como pensar no cérebro como se ele existisse dentro de uma grande sala, que tem muitos armários e prateleiras e caixas. E o trabalho é escolher uma caixa, ou prateleira, num lugar distante, e pôr aí todas as preocupações e lembranças. Depois cola-se uma etiqueta de memória nesse sítio, que é dos tempos passados, e que é só para ser aberto por motivos especiais."
















Autor – Fernanda Serrano
Ano de edição - 2013
Leitura em – Setembro 2013 







Li o livro em duas noites e ele nunca mais parou na minha estante. Tem andado de casa em casa, de pessoa em pessoa, de leitura em leitor. Tem tanto de duro como de positivo, tem tanto de emotivo como de feliz, que deve mesmo ser lido.


""Nada é mais importante do que o riso. A tragédia é a coisa mais ridícula que o homem tem, e tenho a certeza de que por mais que os animais sofram eles nunca exibem a sua dor em teatros abertos." São palavras dela (Frida Kahlo), mas podiam ser minhas. É exactamente assim que eu penso. É assim que vivo e foi assim que encarei a doença: sofri, sim, mas rejeitei expor as minhas feridas ao mundo. Não preciso disso. Acho que ninguém precisa."













Autor – Valter Hugo Mãe
Ano de edição - 2011
Leitura em – Setembro/Outubro 2013 









Valter Hugo Mãe é para ser lido depuradamente, sorvendo cada capítulo ou cada palavra. Este livro é uma cruzada pela felicidade, por aquilo que é simples e eterno, que é nosso e para ficar. A paternidade e o amor desprendido ganha, nestas páginas, a sensibilidade do talento de um dos meus autores.


"Quem tem menos medo de sofrer, tem maiores possibilidades de ser feliz."










Autor – David Machado
Ano de edição - 2013
Leitura em – Outubro 2013 










Conhecia David Machado de livros infantis mas aqui a sua escrita ganha nova dimensão. Daniel, a personagem principal, tem um plano de vida, mas as curvas e os contratempos acabam por vencer os objetivos ou, então, alterá-los. Uma história sobre a força que trazemos connosco e que colocamos, ao serviço da nossa felicidade, quando realmente é preciso. Os olhos têm dificuldade em seguir cada linha, querendo avançar tão rápido como as ideias e como as melhores vontades. Gostei muito!

"E, por causa de instantes como estes, o mundo encrava sucessivamente. As pessoas arrastam para todo o lado os seus protocolos pessoais apurados até ao limite do absurdo, os seus hábitos enraizados, as suas personalidades enviesadas, viciadas nas suas próprias lógicas, e ninguém está disposto a dar um passo ao lado, ceder espaço a outras formas de olhar as coisas para depois continuar em frente, mesmo quando a realidade o exige, mesmo quando não existem alternativas, as pessoas preferem ficar paradas só para não terem de dar esse passo ao lado. Imagina onde já podíamos estar. Imagina a humanidade a avançar, como uma onda, sem nunca esmorecer. Imagina."

















Autor - Sándor Márai
Ano de edição - 2012
Leitura em – Novembro 2013 






De Sándor Márai tinha lido o sobejamente aplaudido "As velas ardem até ao fim". "A ilha" é um relato obscuro e intrincado sobre a necessidade de um homem que, aos 50 anos, põe tudo em questão. Assim, procura na solidão o melhor cenário para repensar.


"Começou a compreender que a felicidade não se podia considerar uma propriedade privada que se adquire de um momento para o outro, como uma herança da qual, posteriormente, só é preciso cuidar e evitar que seja roubada ou perca o seu valor. Tinha que a descobrir em cada meia hora, em cada minuto; manifestava-se sem aviso e, em termos gerais, era mais cansativa e irritante do que agradável e tranquilizadora."


11 dezembro 2013

Equilíbrio

Por um lado,
deito o Tiago às 10h20 e lemos na cama dele, uma página a cada um, duas para mim e meia para ele, conforme o cansaço da minha voz ou o peso das pálpebras dele. Lemos dois livros, quando segundo os padrões dele são "pequenos". Lemos 3 ou 4 capítulos de livros maiores, já de gente mais crescida, que deixamos guardado com um marcador para o dia seguinte. Uma rotina diária desde que ele era bebé e queria todas as noites a mesma história do "Boa noite, Ursinho". Agora, na noite de hoje, ficou roído de curiosidade - e ousou mesmo folhear umas páginas de olhar excitado - para saber se o Charlie da Fábrica de Chocolate consegue um bilhete dourado, ou não, para ir conhecer o Willie Wonka.

Por outro lado,
deito-me eu lá para as 11h40 e leio na minha cama, os meus livros. Dois ou três capítulos quando gelam os braços e as pontas dos dedos; oito, nove ou dez, nos dias de menos sono, de menos frio, de um melhor livro ou de um maior vício. Leio livros grandes, os que mais adoro. Leio livros pequenos que guardo durante meses à espera de uma oportunidade. Leio livros bons, dos que deixam saudades. Leio livros "mais-ou-menos", que fluem apressadamente, aspirando o próximo. Agora, na hora de ir deitar, estou como o Tiago adormeceu hoje: roída de curiosidade para saber o que andam a fazer os "homenzinhos" do Millás.


06 dezembro 2013

Por acaso

Por acaso adoro surpresas.
E tenho ideias fantásticas para surpresas que me podiam fazer.

Desde sempre que apelo a festas de anos surpresa, daquelas que saem pessoas de dentro de bolos, confetes coloridos por todo o lado e uma banda a tocar os "parabéns a você" com um coro de gospel.
Por acaso estou a exagerar. Mas adoro ser surpreendida. Mesmo numa altura, ou numa idade, em que até parece que já nada nos surpreende.

Por acaso, como todas as crianças, também vivi aquela fase de procurar as prendas de Natal lá por casa, mal disfarçadas no roupeiro ou debaixo da cama, e espreitar... só um pouquinho, até ver tudo.

Por acaso, o problema disto são as expectativas. Ao esperar-se ser surpreendido, pouca coisa, realmente, nos surpreende. E isso não deve ser nada por acaso.

05 dezembro 2013

Uma carta para... #5


a minha Sobrinha


Maria,

No dia em que tu nasceste eu estava longe e mesmo os telefonemas constantes não me fizeram deixar de sentir a distância. Na verdade, acho que naquele dia – como nunca – senti isso mesmo: a distância. Uma lonjura física, geográfica, capaz de se tornar emocional e quase saber a solidão. 

Conheci-te e descobri-te nas nossas cumplicidades: nos amigos imaginários que partilhas comigo, quando era eu que tinha a tua idade e passava horas a brincar com pessoas transparentes. Vejo-me nos teus jogos de menina, feitos de cozinhas em miniatura, de roupas de bonecas que se vestem ao contrário, dos cabelos de plástico que se cortam muito tortos, acabando com as franjas numa tesourada. Lembro-me nas aulas que dás: tu a professora e as bonecas a turma, a aprenderem letras e números, a fazerem testes fictícios, com certos e errados, elogios e raspanetes. 

Criei contigo, nestes 6 anos de tia e sobrinha, rituais que preservamos tão nossos: as pipocas à noite nas férias de verão no Algarve; a tua mão pequenina, de dedos muito fininhos, enlaçada na minha quando vamos com o balde buscar água ao mar; o açúcar da bola de berlim a encher-te a cara, a misturar-se com a areia, a colar-se às bochechas, às mãos, às pernas, ao corpo todo; o modo como ris, em gargalhadas soluçadas e dizes "ai... ai..." no final.

Tornei-me tia depois de ser mãe, certa de que sabia bem de que era feita tal coisa, de ser algo para alguém nosso, do nosso sangue, a parte melhor do melhor que tenho, a minha irmã. Só depois percebi, e aprendi, que ser tua tia, que tu seres a minha única sobrinha, é outra coisa. Entre nós duas há, apenas, espaço para estar tudo bem, para sermos ambas meninas e ambas tranquilas, sonhadoras e imaginativas, perdidas em brincadeiras solitárias de famílias que inventamos e de histórias que quase vivemos, como nossas. 

Tu, do alto dos teus 6 anos, especialmente quando usas os teus sapatos de salto, que fazem barulho como as senhoras grandes, pintas a cara com brilhantes e usas a tua coroa de princesa, ensinaste-me a pertencer. A pertencer sem pedirem nada em troca, sem testes, sem ser esperado ou expectável que te ensine alguma coisa, que te molde, que te guie. Contigo, não preciso de estar “à altura”, por eu ser adulta e tu criança, para poder ficar, simplesmente, à tua altura. Ser pequena como dantes, fechada no quarto sozinha, a viver muitos dias diferentes lá dentro, ou antes, com tantas ideias dispersas dentro da cabeça a borbulhar e os olhos bem abertos para saber o que se passa, quase sem falar. 

Tu danças. Giras sobre ti própria como eu fazia. Tu apresentas espetáculos frente ao sofá da sala. Seguras o microfone, abres os braços e cantas. Como eu fiz. 
Penso muitas vezes, numa atitude talvez infantil, que à medida que vais crescendo te vais parecendo mais comigo. Imagino que vais gostar de livros, de escrever, de ver filmes e séries, de inventar histórias e ficar dentro delas, inconsequentemente. E penso até que as coisas que não fiz e que me escaparam, em alguma idade, podem vir a ser tuas. Numa tentativa egoísta de colocar nas tuas pernas, no teu futuro, o que poderia ter sido e não fui. 

Mas, na verdade, o que eu quero é isto: quando cresceres, quando mudares, gostes do que gostares, sejas o que quiseres, não deixes que a tua imaginação mande mais do que a verdade, não deixes que aquilo que viveres, com gente transparente, nas histórias da tua cabeça, te arranhe a pele, te fira por dentro.  
E que eu, um dia, ou dia a dia, ou de idade em idade, saiba estar “à altura” de te explicar em que momento as ilusões ganham um “de” antes de tudo. Que eu, adulta e tu criança, adolescente, jovem, mulher, te saiba mostrar o melhor dos sonhos que somos, sabendo bem até onde podem eles crescer, até onde os podemos deixar permanecer, antes de se transformarem nas marcas que trazemos na vida.

Parabéns Maria.

Da tua tia.

03 dezembro 2013

2/3 do meu cérebro são letras de canções

"Minha alegria, minha amargura / Minha coragem de correr contra a ternura / Minha ousadia, minha aventura / Minha coragem de correr contra a ternura"

02 dezembro 2013