28 março 2010

Resposta pronta


O teu telemóvel? Espelhado.
O teu cabelo? Liso.
A tua mãe? Atenta.
O teu pai? Confidente.
A tua comida favorita? Pão.
O teu sonho da última noite? Nublado.
A tua bebida favorita? Cola.
O teu objectivo? Sobreviver.
O lugar onde estás? Dentro.
O teu passatempo? Ler.
O teu medo? Crescer.
Onde te vês daqui a seis anos? Aqui.
Onde estive na última noite? Assim.
Algo que não és? Má.
Bolos? Achocolatados.
Da lista de desejos? Aprender.
Onde cresceste? Mais acima.
Última coisa que fizeste? Falar.
O que tens vestido? Pijama.
A tua tv? Grande.
O teu animal de estimação? Dois.
Amigos? Os melhores.
A tua vida? Esta.
O teu humor? Desigual.
Saudades de alguém? Sempre.
Veículo? Paz.
Algo que não tens vestido? Meias.
A tua loja favorita? Fnac.
A tua cor favorita? Amarelo.
Última vez que riste? Há dias...
Última vez que choraste? Noutros dias...
Melhor amigo? Filho.
Um lugar onde voltarás sempre? Casa.
Facebook? Também.



Ilustração - Gustavo Aimar

23 março 2010

Problemas: antes e depois



Se há pessoa que me marcou na vida foi ele. Era um rapaz da minha idade, um colega da minha turma, um adolescente com manias de adulto, um estudante com jeito para filosofias. Era o mais estranho de todos: tão distante quanto caloroso, tão arrogante quanto inteligente. Era um miúdo simples pleno de ideias grandiosas e, aos 15-16-17 anos, as ideias são sempre maiores que nós mas cabem nos nossos tamanhos, dentro de dias gigantes cheios de horas que, agora, passado o resto da vida, voam.
Então, o meu amigo dos tempos de secundário tinha uma forma particular de ver os problemas - aquelas tempestades da juventude vividas com a intensidade da idade - e tinha, ainda, uma expressão muito sua de reagir às adversidades alheias. No seu tom descontraído soltava um "Isso daqui a um mês já não tem importância nenhuma...".
Aquela frase tão repetida naqueles tempos fazia tanto sentido para mim. Porque era mesmo isso: o maior dos dramas vivido e sentido e sofrido num dia, passado um mês parecia ridículo e minúsculo, provocava até um certo sorriso quando lembrado, como se estivesse lá para trás num passado distante. E estava mesmo.

Hoje, os problemas já não se diluem assim tão depressa, já não se olham passado um mês, ou dois, ou três, ou muitos mais, com qualquer espécie de sorriso. Os problemas dos meus 30 anos são coisas que ficam, são coisas que se repetem, são coisas com tanto sentido hoje como no ano que passou, como no ano que virá. Os problemas dos adultos são feitos de rancores e de angústias, de complicações teimosas e questões quase sem solução. E assim não passam num mês. E assim não passam nunca mais.

Por isso hoje me lembrei dele. Da frase dele que repito tantas, mas tantas, vezes para mim mesma. Como se ela ainda tivesse sentido, como se ela ainda fosse possível.