29 novembro 2006

Conversa de pais


De que falam os papás quando o Tigy vai dormir?


Sentados no sofá, de comando na mão, de canal em canal:

- ...é tão querido... com a fraldinha na mão e a acenar, como que a dizer "boa noite".

- E ele sentadinho no sofá a ver o Noddy muito atento?!

- Agora faz birra para sair do banho. Gosta tanto! Chapinha, brinca com os patinhos, farta-se de rir...

- Olha é melhor ir lá ver se está tapado. Já venho.

- Bem ele hoje comeu imensa sopa. Depois perguntei se queria fruta e ele logo "qué qué" muitas vezes seguidas. Porta-se tão bem.

- Ó pá vai lá acordá-lo. Já tenho saudades dele.

- Ele é mesmo reguila e teimoso. Só quer mexer no que não deve... Eram as tomadas, agora passou-lhe, é a vassoura.

- Mas coitadinho. Ralhamos com ele, mas depois vai dormir e dá pena.

- Não achas que ele agora já se entretém imenso sozinho? Enquanto esvazia o cesto dos brinquedos diverte-se, espalha tudo por aqui...

- Queria mesmo ver este filme que estão a anunciar de desenhos animados. Vai ser tão giro quando o Tigy já for ao cinema!

- Bem, desliga a televisão. Vamos deitar.


Sussurrando mesmo ao lado do berço:

- Tão fofinho! Ainda bem que está coberto, senão ainda volta a tosse.

- Achas que está bem?

- Vou tapa-lo melhor...


Já deitados:

- E quando ele dormia aqui no meio de nós, muito pequenino? Tenho tantas saudades...

- Sim agora quando vem para aqui levamos cada pontapé...

- Já reparaste que ele já diz "não"? Dantes era tudo "qué qué"...

- É melhor ir lá ver se não está destapado!

- Espero que ele durma bem...

- Eu também.

09 novembro 2006

Os meus e os teus refúgios


Os meus refúgios são as minhas palavras...

proferidas
escritas
lançadas
cantadas
segredadas
pensadas
rimadas
programadas
conquistadas
erradas
acertadas
duras
doces.


As palavras dos poemas, como este do O'Neill que até fala delas...

«Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor,
de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.»


As mesmas que canta a Mariza.
Assim...

E vocês, onde se refugiam?